sexta-feira, 25 de junho de 2010

"Desfuncionalidade verde-e-amarela", por Riverman

Hoje tivemos mais uma partida de Copa do Mundo. E hoje tivemos Brasil em campo. Na última partida válida pelo grupo G do Mundial da África do Sul, o time canarinho enfrentou Portugal. O 0 a 0 morno refletiu o desinteresse de ambas as equipes, já que a igualdade classificava os dois times.

Enfim, a minha intenção não é de escrever sobre o desempenho futebolístico da pentacampeã mundial de futebol nos gramados do continente negro. Quero falar, na verdade, sobre o marasmo com o qual o país funciona quando nossos futebolistas adentram o gramado de alguma outra nação de 4 em 4 anos, apesar da Copa ser para muitos especialistas um estimulante para nossos setores econômicos quando o Brasil joga e vence, pois os trabalhadores encaram a jornada de trabalho com mais entusiasmo e, com isso, produzem mais.

Porém, o que vi e o que sempre vejo difere da visão desses economistas. O verde-e-amarelo toma conta das cidades, e a desfuncionalidade se torna padrão. Até hoje, uma sexta-feira, as ruas, poucos minutos antes da partida, estavam desertas, em mais um dia - que deveria ser - comercial. Os bancos, por exemplo, interromperam seus expedientes, e a universidade na qual eu estudo também não funcionou até às 14h, com os alunos do período diurno ficando, obviamente, sem aulas. Sem querer contradizê-los, acho que as partidas do Brasil em Copas não são um catalizador da economia, mas o contrário.

Sem falar no patriotismo quase que exclusivo do brasileiro nas competições esportivas, especialmente no futebol. O verde-e-amarelo só se torna padrão na hora de torcer e incentivar os atletas, mas nunca nos grandes movimentos e lutas que quase inexistem no país. Bater no peito e dizer "Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor" é uma atitude latente nos momentos mais cômodos do Brasil, com o esporte exercendo uma dessas funções.

A prova maior desse descaso com a política em momentos de grande furor atlético é a do recente reajuste no salário dos deputados em 28%. Ah, tá, é verdade... poucos sabem porque as televisões permanecem ligadas somente nas notícias provenientes da África do Sul. Ou seja, são os nossos congressistas mostrando seu "amor à pátria", se valendo da verdadeira desatenção do povo tupiniquim ao noticiário político, que, apesar de estar maior, não é exclusivo desses dias.

Vai parecer paradoxal, mas em nenhum momento critico a existência da Copa do Mundo. Sou e assumo ser um aficcionado por futebol e sempre lamento perder jogos do Mundial, quando necessito ir à aula ou tenho de fazer outra atividade quando há transmissão de qualquer partida. O que discuto aqui é a alienação e a pane pelas quais passa o brasileiro nesse mês mais agitado do ano - certamente mais do que as Eleições -, que só provam que o país sempre teve interferências em seu, ao menos suposto, desenvolvimento. Termino com palavras que já usei num antigo post: ainda temos políticos "bem-intencionados" para nos ajudar...