sexta-feira, 30 de julho de 2010

A ambição dos bons ouvintes

Qual será a maior ambição dos ouvintes da boa música?
O que será que pode ser definido como boa música?
Como escapar do midiático?

Essas são perguntas frequentes para aqueles que apreciam a boa música, e que se vêem
num "mato sem cachorro" (com o perdão do trocadilho) face ao cenário musical atual.
A maior prova de que a música está primando cada vez mais pela imagem e menos pelo som,
é o fato de que os amantes da modernidade execram a música tradicional...o bom samba, o bom jazz, blues, clássico, rock, progressivo, metal, hard rock ou o que seja.
Existe um processo, claramente visível nas camadas mais jovens, de escárnio geral contra os adolescentes e crianças que tem gosto musical diferente de "Pixote", "Rebolation", "Justin Bieber" e "Fiuk", adolescentes esses que são chamados de caretas, chatos e loucos, por seus gostos diferentes.
Mas o que será que causa essa embolia de conceitos errados?
Será que os nascidos na nova geração estão com caso crônico de decréscimo de inteligêngia e capacidade crítica?
Não, caro leitor, é claro que não...
A culpa, mais uma vez, é da mídia...ah, a mídia
A mídia que coroou nosso mundo com feitos brilhantes como a eleição do Collor, por exemplo, a mesma mídia que distraiu a cabeça do povo durante a COPA do Mundo de 1970.
Sim, a mídia, que dita, subliminarmente, tudo o que você deve gostar e consumir, que se utiliza da imagem de personalidades supostamente "acima de qualquer suspeita" para promover a venda de produtos que tem por único objetivo, fazer o dinheiro continuar circulando entre eles próprios, executivos das emissoras de tv e radiodifusão, além de produtores e empresários de bandinhas comerciais.

Tudo gira em torno do dinheiro, e quase sempre girou, mas a música e vitima recente
desse tsunami de ganância e desinteligência, o que desanima muitos ouvintes da música de qualidade.

Então, caro leitor, antes de classificar uma atração musical como "boa" ou "ruim", preste ateção nos motivos da sua escolha, não levando nunca em conta a quantidade de vezes que determinado grupo aparece na tv, ou no rádio, ou mesmo se os shows são lotados ou hiperlotados, pois, como é de conhecimento popular, "quantidade" e "qualidade" são quase que instintivamente discrepantes.

Aqui é MadMax
Abraço!

domingo, 25 de julho de 2010

"Temos pelo menos 3 Ellis Park", por Riverman

O período de disputa da Copa do Mundo de 2010 também serviu de discussão para o evento de 2014. O Morumbi, estádio do São Paulo Futebol Clube, não servirá mais como palco para o Mundial do Brasil, segundo a FIFA, entidade máxima do esporte mais popular do planeta. Entretanto, os governos municipal e estadual de São Paulo têm mantido uma postura de não construir um novo estádio em solo paulista, ficando, por enquanto, a maior cidade do país sem uma sede para o evento futebolístico mais importante do mundo. Apesar de peessedebistas, e ter ressalvas especiais ante o partido, ambas esferas adminstrativas envolvidas na questão estão certas na decisão.

Mas ao analisarmos o estádio que já observou in loco duas conquistas da Libertadores, vemos que ele não deixa nada a desejar a muitos estádios localizados em países de primeiro escalão do futebol; inclusive o Ellis Park, estádio recentemente utlizado na Copa da África, tem estruturas bastante parelhas. Concordo que o brasileiro tem defeitos gravíssimos, como pontos cegos, mas no assunto estrutura e acesso, partindo da premissa que o poder público construa estações de metrô e crie linhas extras de ônibus para o Mundial, ele fica no mesmo nível de outras arenas espalhadas pelo mundo. Claro que, mesmo como são-paulino, devo assumir que ele já não é um estádio moderno, foi construído na década de 60, mas ainda dá um bom caldo. Ainda mais quando comparado a campos utilizados no último evento FIFA. E não só a propriedade do Tricolor Paulista é no Brasil próxima a muitos africanos onde as maiores estrelas do mundo do futebol pisaram há um mês.

O Maracanã, até mais antigo que o estádio do São Paulo, no Rio de Janeiro, e a Arena da Baixada, em Curitiba, são exemplos em melhor situação. O primeiro, vedete da Copa de 1950, possui visão e campo amplos. É de fácil acesso, pois encontra-se em local estratégico do Rio de Janeiro, e recentemente passou por reformas para o Pan-Americano realizado em 2007 na cidade. Apesar de já não ser mais o mesmo, tem ainda muito brilho e charme. O segundo, porém, está no lado oposto. Estádio totalmente moderno, finalizado ainda na primeira década do milênio, conta com shoppings e modernas istalações, desde os banheiros até as cabines de transmissão. Só de contar com ele, uma estrutura já existente, o Paraná já dá um passo à frente na organização. Isso sem falar no Engenhão, entregue em 2007 para o Pan mas que está fora da lista de praças para o Mundial, tido como o mais atualizado da América Latina, que ganharia fácil do Ellis Park, e em todos os quesitos.

Claro que excetuando o Soccer City, palco da final e construído exclusivamente para a competição internacional, que deve se tornar um "elefante branco" daqui para frente, todos os outros estádios sulafricanos estão basicamente no nível dos nossos, pois os primeiros, antes da Copa, contavam com estruturas bastante parecidas, e nenhum milagre foi feito para estruturá-los.

Espero que a decisão paulista tenha sido definitiva. A prova de que um Mundial pode ser organizado sem novos estádios é a própria África do Sul. Não há necessidade de se tirar divisas dos cofres públicos para a construção, pois, além de desnecessária, eventos esportivos em território brasileiro costumam ter as despezas exponencialmente crescentes, algo que orçamentos para 2014 já começam a dar sinais de ocorrência.

A FIFA que aceite o Morumbi ou a iniciativa privada que construa um. E se ele seguir não servindo que São Paulo não tenha sede. Quem sairá perdendo não é o Estado nem a cidade, e sim o evento, que carecará do município onde floresceu o esporte no país e onde foi disputado o primeiro campeonato oficial em solo tupiniquim, em 1896. Aliás, São Paulo só por isso não deveria sediar a estreia, mas sim a final. Enfim, como depositar confiança numa entidade que cancela um Mundial de clubes a dois meses antes do seu início? Paciência...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

"De Di Ferrero a Fiuk: a liquidez social", por Riverman

Quem aqui ouviu a palavra ou viu algum emo nos últimos tempos? Poucos, pois o movimento se arrefeceu pelo menos nos últimos 2 anos e deu lugar a uma nova modinha – o happy rock, como os membros da nova onda musical gostam de chama-la. O mais engraçado disso tudo é: o que aconteceu com os tão numerosos “choradeiros”, que infestavam nossas ruas com sua tristeza quase crônica? Morreram junto com o movimento? Foram morar no fundo do Oceano Atlântico?

Infelizmente não. A nossa sociedade líquida – termo utilizado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman – transformou adeptos de certos movimentos facilmente em correligionários de outros. Aqueles mesmos tristonhos, fãs de Di Ferrero, vocalista do NXZero, que se vestiam totalmente de preto e usavam aquelas franjas lambidas na testa são, em grande maioria, os novos “coloridinhos”, admiradores de Fiuk, vocalista da banda Hori e também conhecido como filho do cantor Fábio Júnior, que usam calças laranjas, óculos roxos e camisetas verde-limão. E muitos se perguntam: mas se os emos eram conhecidos pela sua tristeza quase mórbida como eles se “transformaram” em algo totalmente oposto, que tem como composições mais populares idas a baladas ou a shoppings centers?

Aí é que justamente mora o problema. Não há uma identificação plena entre os membros dos movimentos “modinha". Ou seja, as pessoas passam a seguir o que manda a “tendência”: o que está em voga na maioria, outros resolvem “embarcar no bonde” e se apegam àquilo quase que de maneira doentia, apesar da brevidade. A pergunta que para no ar é justamente onde fica a personalidade do ser humano. Há preferência em fazer parte de algo aceito momentaneamente pela maioria, mas em detrimento daquilo que pessoa realmente gosta. Isso se essas pessoas que seguem essas frugalidades têm tanta complexidade intelectual para realmente gostar "de algo".

Aliás, no nosso mundo a liquidez não pertence apenas a esse campo: a fama, então artigo de talentosas pessoas públicas, se tornou breve e passageira com os realities shows da vida. Muitos saem da “casa mais vigiada do Brasil”, como Pedro Bial se refere ao BBB, extremamente badalados. Por dois ou três meses. Depois, o ostracismo resolve mostrar sua verdadeira face, e os holofotes passam o bastão para os integrantes da próxima edição.

Enfim, não podemos nos prender a rótulos. A sociedade combate a todo o tempo quem não se adequa às “modinhas”, que nada mais são que maneiras de exploração comercial – só, como exemplo, veja quantos acessos a vídeos no YouTube possui a banda Cine, novo fenômeno, só quantitativamente, fonográfico do Brasil. Quem não embarca é chamado de antiquado. Mas se preocupe em ser você mesmo. Muitos se esquecem de que vivemos num mundo sólido. Seguir esses sucessos passageiros é que “tá por fora”.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

"Vivendo vivendo", por Riverman

Viver sem prazer, anestesiado pela frieza do Homem. Para muitas pessoas essa afirmação é algo compeltamente inconcebível e absurdo. Estes pregam que estar no mundo é bom. Que dormir e, no dia seguinte, acordar é uma coisa legal. Só farei algumas perguntas aos adeptos dessa política:

Onde é correto estar num planeta no qual as relações são basicamente pautadas pelo dinheiro - muitos quando dizem que não se valem da hipocrisia? Onde é bacana perambular em terras onde poucos detêm muito, e muitos detêm pouco? Onde é excitante estar de pé em lugares onde as pessoas te dão tapas, socos e pontapés diariamente, e você é obrigado a engolir?

Que razão, próximo de completar 21 anos, tenho de comemorar e assoprar mais uma vela? Como é possível ter vontade de continuar lutando tendo, no coração, uma baixa auto-estima e uma desilusão reinantes? No que vou me apegar se mal tenho vontade de sair às ruas e encarar meus congêneres?

Espero, ou melhor, não espero, pois é impossível que estas perguntas sejam respondidas pelos amantes da vida. Pelas pessoas, assim como eu já fui, que conseguem acreditar no bem e no amor do próximo, que foram assassinados pelo dinheiro e pelo poder. Espero não ter parecido um defensor da morte, mas o que me incomoda é sermos tão tolos em relação à vida. Ela parece ser legal apenas para um tipo de pessoas: os sádicos. Mas como, ainda bem, não me tornei um, a vida tem parecido bem diferente pra mim...