sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"Circo eleitoral brasileiro", por Riverman

Meus caros, não só o ilustre Tiririca foi figura de fundamental importância nestas eleições, que devem entrar para a História como as que tiveram o maior número de candidatos espalhafatosos, ao menos em âmbito federal. Mulher Pêra, Maguila, Ronaldo Ésper, entre outros, deram também seus shows nos horários eleitorais e ganharam mais 15 minutos de fama.

Porém, quem melhor ganhou o seu quarto, aliás, palavra bastante pertinente à sujeita, de hora de reconhecimento, e para mim a maior personagem dos momentos pré-pleito, outro verbete perigoso se considerarmos a pessoa em destaque e se esquecermos da frágil letra l, foi a atriz pornô Cameron Brasil.

Sósia tupiniquim da atriz estadunidense Cameron Díaz, daí seu nome artístico, sua propaganda tinha alta conotação sexual: além do lema “vote com prazer” e do número representado pela seqüência 1969, com os dois últimos algarismos sendo proferidos com bastante sensualidade pela pornógrafa, em um dos seus reclames Cameron é exibida trajando meia-calça e lingerie numa lascívia política, ao menos tornada pública, nunca antes vista na História deste país, só para quase parafrasear nosso ainda, ou já não mais, presidente Lula.

Enfim, pela primeira vez a tragicomédia esteve completa, já que vimos tudo de pavoroso e, ao mesmo tempo, risível nas chamadas eleitorais brasileiras de 2010: palhaços, funkeiras, ex-pugilistas que mugem ao invés de falar - e é aí usual o “ao invés de”, pois o verdadeiro contrário de “falar” não é “se calar”, mas sim tentar se expressar como um ruminante.

Depois desse show de horrores continuo com a mesma certeza: na visão de Brasília os palhaços e funkeiros continuamos sendo nós, dos quais eles riem e os quais fazem dançar o ano todo, independentemente de eleições. E como conclusão digo: tenha paciência, já que o espetáculo para 2014 promete ainda mais. E ganha um doce quem acertar a novidade.