segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

"O que esperar do poder público em 2010?", por Riverman

Mais um ano termina e, em mais um, vivemos um caos na política brasileira. Nestes quase 6 meses de blog, vivemos a crise do Senado, na qual o seu atual presidente, José Sarney, foi absurdamente mantido no seu cargo, após denúncias de prática de nepotismo no seu mandato. O ano ainda fechou com "chave de ouro" após a crise política instaurada no Distrito Federal, onde os três poderes estão contaminados com denúncias de corrupção – ventilou-se, até, uma possível intervenção federal, de tão grande o escândalo que tomou conta da administração candanga.

Agora eu pergunto: o que esperar da política brasileira em 2010? O que podemos ver no nosso horizonte nos próximos 365 dias, que combinarão Copa do Mundo – também conhecida como o principal ópio do brasileiro – e eleições para os Executivos Estaduais e Federal?

Eu, que já deposito pouquíssima confiança no administradores dos nossos impostos, espero o mesmo do que aconteceu há 4 ou há 8 anos. A Copa do Mundo, em Junho e Julho, servirá para desviar a atenção dos brasileiros das manobras políticas pré-eleições. Afinal, a imprensa estará toda voltada à cobertura do maior evento esportivo do mundo, e, entre Sarney e Kaká, todos optarão em saber, apenas, como será a rotina do segundo no primeiro Mundial realizado em continente africano. Aliás, não só nos dias que a Seleção estiver na terra dos bafana-bafana. A torcida brasileira, ansiosa, já a partir de janeiro começará a realizar vigílias no cotidiano dos nossos craques, ignorando, daí pra frente, as páginas políticas dos jornais tupiniquins.

Supondo que a seleção canarinho consiga chegar à final do evento teremos, até as eleições, pouco menos de 3 meses para os candidatos apresentarem suas propostas, o que, convenhamos, é um tempo escasso e exíguo, principalmente em uma nação onde o povo já tem pouquíssima fama de transformar pleitos em evento de importância fundamental às suas vidas. Ou seja, não será uma novidade que até 2014 novos quid pros quos sejam instalados na máquina pública. E eu ainda estendo essa confusão até 2018, pois a Copa de 2014 ainda vai tomar um tempo muito maior na atenção dos brasileiros, infelizmente não para se debater a realização ou não desta absurda Copa do Mundo num país que tem outras necessidades maiores, e sim na preocupação popular de que nossos jogadores têm de estar preparados em ganhar o Mundial como anfitriões.

E até você que se preocupa com o futuro do país e crê que as urnas podem dar uma condição mais humana para esta nação, fique esperto. O show começa agora em janeiro e vai, pelo menos, até julho. Então, como Galvão Bueno vai dizer várias vezes em meados do pŕoximo ano, no maior - e melhor - espetáculo em favor da política nacional em 2010: “Haja Coração!”

Ano novo, vida velha...

Ahhh final de ano...
Época de expurgar nossos demônios e, por alguns instantes, mostrar-mo-nos tolerantes e amáveis. Talvez os dias mais hipócritas do nosso calendário.

Já dizia o velho livro sagrado que outrora esquecemos: "..Ao soar as trombetas malígnas das vinhetas 'globais' vossa postura há de ser modificada e então estarás apto a receber os arautos da semana maldita. Ivan Lins a Simoni hão de cantar o hino do exército corrupto e de inexorável sem-vergonhice, e então, todos hão de se amar em um frenesi incontrolável. Ao final da semana, todos voltarão as suas formas inescrupulosas..."

Enquanto o riff musical mais pegajoso perdura em sua mente e você reflete durante seu ano, você traça planos e estabelece de forma muda tudo o que esquecer no ano que está por vir...

Mas, surge a questão tida como atrevida: Por que mudamos tanto durante uma semana? Qual é a fórmula mágica do natal?

Cristãos em geral me diriam que é o tempo de celebrar os ensinamentos divinos.
OK. Ótimo argumento. Porém, por que não exercê-los durante todo o "certame" ao qual nos submetemos?
Acredito que aí tenha sido eliminado o primeiro argumento.

Então, não contentes, pessoas expõe o seguinte:
Ano novo, vida nova. É hora de sermos o que não conseguimos ser até então...
Beeem. Argumento mais cabível, porém, também é falho. Por que esperar um novo ano se iniciar para mudar nossas malogradas vidas? (Me apego a esse "mandamento") Todo dia é um bom dia pra mudar a vida... não há necessidade de eu abraçar a todos os parentes e conhecidos que brotam dos confins da terra para que eu possa ser alguém melhor em algum dia... Não há lógica nisso. (Suponho)

Aí, pessoas que se sentem ofendidas com o raciocínio argumentam: Se você se diz "seguidor" de tal "conduta", por que a critica?
Oras... Porque é errada! Se fosse certa ou se eu tivesse a cura para tal eu jamais a criticaria...
Enquanto eu não consigo compreender mais um comportamento humano e as "malditas vinhetas globais" continuarem a ditar nossos atos em finais de ano, seguiremos assim... cedendo a coxa do peru enquanto por dentro desejamos que a pessoa que a ingira tenha desinteria (dentre outros males), sorrindo forçosamente para fotos indesejadas e pregando uma paz que, infelizmente, não buscamos por toda a nossa eternidade.

Dedicado a pessoas especiais...
Após quase 2 meses... Por: Leoni

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

"Tirando meu chapéu", por Riverman

Parabéns à iniciativa da Revista Veja em dispor a qualquer interessado seu acervo digital. Nele constam todas as edições da publicação desde seu primeiro exemplar, em 1968, até o último publicado. Uma iniciativa digna de palmas e ovações por parte do público, principalmente o brasileiro.

Posso aqui ter minhas ressalvas sobre o tipo de jornalismo realizado pelo periódico da Editora Abril, um pouco tendencioso ao elitismo e ao imperialismo americano - a primeira queixa é comprovada através da coluna semanal de Diogo Mainardi -, mas não podemos negar a importância dessa material na vida cotidiana brasileira pós-1968 e a flexibilidade com a qual podemos acessar esse material, já que ele nos está disponível on-line. Vale lembrar, também, da influência de Veja nos movimentos políticos,sociais e econômicos e, com isso, a cobertura da revista desde as sua criação é de extrema valia para que possamos compreender algumas atitudes inerentes ao brasileiro. Desde que descobri esse arquivo, tenho sido um assíduo usuário. Consulto sobre vários assuntos, e a vantagem que este recurso tem sobre pesquisas e publicações atuais acerca de um período determinado do passado é a visão "fresca" da reportagem sobre seus pares dos dias atuais que abordam esses momentos já vividos, pelos quais temos visões mais cristalizadas e serenas, ou seja, menos parciais. Isso, de certa fora, é importante na imprensa para que possamos saber e entender a visão de tal veículo sobre tal acontecimento - desde que esta parcialidade não seja dominante na reportagem.

Enfim, espero que este pioneirismo de Veja se mantenha durante muitos anos, e que muitas outras publicações tomem a mesma iniciativa em breve, principalmente as que tenham influência no cotidiano do país. Uma atitude não só admirável em relação à exposição de seu arquivo ao público em geral, mas, sim, de preservação e consulta da História brasileira recente.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"Desmistificando a / à Crase. Qual será correta...?", por Riverman

Após muito tempo de inatividade literária, volto a publicar dois textos no mesmo dia. Cansado de ler “à prazo” e “a vista” em placas e cartazes de lojas, vou explicar aos caros leitores desse blog o uso da nossa querida – aliás, minha, porque a maioria dos brasileiros sente ódio por ela –, a crase.

Primeiro, vamos contextualizá-la. A crase nada mais é do que o resultado da preposição a - que, em algumas situações, pode ser substituída pela também preposição para (exemplo de uso: Eu vou a São Paulo / Eu vou para São Paulo) sem perda de sentido - somada ao artigo a (exemplo de uso: A menina). Para justamente evitar a grafia de dois as seguidos na mesma frase ou oração, os gramáticos optaram em adotar esse odiado acentinho, pois pensemos da seguinte maneira: Eu vou a (preposição) + a (artigo) praia. Isso seria realmente estranho na grafia. A crase veio apenas para simplificar essa confusãozinha: Eu vou à praia. Percebam aquilo que eu disse no início: esse a preposição pode ser substituído por para, derrubando a crase e facilitando pra quem encontra dificuldades: Eu vou para a praia. Outro auxílio precioso ao leitor é substituir o substantivo ao qual a crase é aplicada por um outro masculino. Exemplo: Eu vou a Bahia tem crase? Substitua o substantivo Bahia por algum outro substantivo masculino. Usarei Norte para demonstrar: Eu vou ao Norte. Portanto, Eu vou à Bahia é assim grafada. E novamente o para para facilitar: Eu vou para a Bahia.

Agora fugindo um pouco da regra básica, quando o uso de a subentender moda, ela deverá sempre ser craseada: molho à bolonhesa; bife à parmegiana. Ou seja: molho à “moda” bolonhesa; bife à “moda” parmegiana. Outro “crime” é utilizar a crase antes de pronomes e verbos: “Eu vou entregar à você” e “À partir de 2 reais” são formas totalmente inaceitáveis. O uso dela no meio de palavras repetidas também não é correto: “Face à face” não existe na Língua Portuguesa.

Bom, só resolvi dar umas explicações básicas. Espero que essas minhas dicas sejam úteis para quem encontra dificuldades com a crase. Abraço e até mais.

“Ignorância Ignorada”, por Riverman

“Ler também é um exercício.” Me recordo muito bem deste slogan, repetido diversas vezes numa propaganda vinculada pela Rede Globo, que visava incentivar a leitura entre os jovens. Pois bem. Depois de alguns anos, penso comigo mesmo: “Ler não é apenas um exercício; é o melhor exercício.” E explico.

A leitura, nem que seja de qualidade duvidosa – como as de origem parajornalísticas, exemplo as da chamada imprensa marrom –, é de muita valia ao interlocutor. Através dela, um cidadão consegue ter uma percepção melhor de seu idioma, contribuindo também, e muito, para sua escrita. Baseio a minha teoria nos intelectuais, pegando apenas dois nomes como exemplo: Claude Lévi-Strauss e Eric Hobsbawn. Ambos são festejados como dois dos maiores intelectuais de fins do século XX e início do XXI. Enquanto o primeiro faleceu recentemente, com exatos 100 anos de idade, o segundo, com pouco mais de 90, ainda continua extremamente lúcido e nos dando mostras de sua vasta inteligência.

Não estou aqui excluindo a importância do exercício físico, que também é fundamental para o desenvolvimento do ser humano, mas creio que falte incentivo por parte do governo para com a leitura. A obesidade é um assunto muito mais discutido e tem uma posição privilegiada nas agendas de discussão sobre saúde e sociedade em comparação à ignorância, que é pouco levada a sério nos assuntos acerca de políticas públicas.

Que façamos a diferença. Já que os políticos não se interessam em tratar o problema com a primordialidade que é necessária para erradicá-lo, a luta contra a falta de leitura – e de livros – deve ser abraçada por todos nós, os interessados em ver do Brasil um país melhor. Portanto, façamos o seguinte: nos estimulemos a ajudar alguém a sair da ignorância, apresentando a esta pessoa um livro. Se cada um de nós fizer isso, já estaremos ajudando muito e contribuindo para um país repleto de ignorantes, graças à ignorância de nossos governantes.