domingo, 31 de janeiro de 2010

"Res Fictae brasileira", por Riverman

22 de Abril de 1500. Pedro Álvares Cabral, com sua esquadra, desmbarca no litoral de um ponto distante da então quase desconhecida Amérca para os europeus, fundando assim a Ilha de Santa Cruz, que se tornou colônia portuguesa e que se tornaria o embrião do atual Brasil. Até nossa descoberta é uma mentira. Quem dirá nossa História.

Fictae, para os pouco informados, significa, em latim, basicamente 'ficção', um acontecimento criado. Muitos estudos apontam, inclusive, pela chegada dos espanhóis ao Brasil antes de 1500. A mais conhecida é a do navegador Vicente Yañez Pinzón, em 1498, que teria desembarcado nas atuais terras da Região Norte brasileira.

Mas este é apenas o começo de uma História moldada fundamentalmente em mentiras e sem a participação popular – ao contrário do que os livros de História dos nossos bancos escolares parecem narrar. Me pergunte o nome de um 'plebeu' que tenha ficado conhecido por participar das lutas – que já seria um termo utópico – que culminaram com a Independência? Ao contrário do Haiti, por exemplo, que foi liberto por escravos dos grilhões franceses e se tornou a primeira nação no mundo a abolir a escravidão. Mesmo no restante da América Latina, a luta foi ainda elitista, mas, de fato, houve luta pela independência.

Aliás, os nossos movimentos políticos têm esta tendência. A Proclamação da República também foi outro movimento elitista e, ainda por cima, militarista. Quando a insatisfação dos poderosos atinge um ponto desconfortável, eles mesmos põem as 'manguinhas de fora' e agem quase a seu bel-prazer. Não que isso não ocorra no restante do mundo – em alguns outros países a situação ainda é mais alarmante -, mas no Brasil a ideia de que somos um país democrático e popular ao extremo é muito mais densa. Muita gente vai se perguntar: mas como podemos realizar tais afirmações se vivemos num Estado que nos dá direito ao voto secreto e universal e, ainda por cima, é laico?

Só respondo com um simples exemplo que está na casa de cada um de nós: Rede Globo de Televisão. E, para ser mais específico, ainda cito outro exemplo: O famoso debate entre Lula e Collor nas eleições presidenciais de 1989, organizado pela própria Globo. Enquanto Lula, no Jornal Nacional do dia seguinte, teve suas propostas quase mutiladas no ar, Collor teve direito à exibição dos seus melhores momentos. E a resposta é facil de ser encontrada: Quem venceu nas urnas? Fernando Collor. Este momento, um dos mais obscuros do jornalismo nacional, é muito bem relatado no documentário Além do Cidadão Kane, produzido pela rede de televisão inglesa BBC e proibido de ser vinculado no país pela nossa 'democrática' Rede Globo.

Então, meus pares brasileiros. Só citei alguns exemplos de mentiras já ocorridas na nossa política. Até podemos tentar mudar o país, mas a maioria dos nossos compatriotas estão mais preocupados em assistir ao Big Brother – que, inclusive, foi tema do meu último post – e à novela das oito. Aí é para, me desculpem o termo, foder com qualquer um...

P.S.: Quem tiver interesse em assistir ao documentário Além do Cidadão Kane, posto um link no qual ele se encontra completo:

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