terça-feira, 11 de maio de 2010

"A bolha europeia – e o boom grego", por Riverman

Abril de 2010. A Grécia, uma das economias mias frágeis da União Europeia, decreta uma moratória e pode praticamente arrastar o mercado econômico do continente à bancarrota, já que países como Alemanha, só a terceira maior economia do planeta, possuem papéis ativos em ações de bancos helênicos.

Resultado ainda bem vívido da recessão americana de 2008, a crise no Velho Continente parece mais grave do que parece. Além do problema alemão, países como Portugal e Irlanda, em breve, também correm risco de não conseguirem assumir com seus compromissos internacionais, já que devem mais do que arrecadam, e podem seguir a cartilha grega.

Esse é só um exemplo de como a especulação pode atingir até mercados tidos como seguros, como o europeu. Dona de uma moeda fortíssima e de linhas de crédito altamente confiáveis, a UE, no início e apesar das fortes exigências para se ingressar no grupo, parece ter sido sustentada pelas já consolidadas potências econômicas inglesa, alemã e francesa.

Até com a recente entrada de países que faziam parte da Cortina de Ferro, os europeus se mantiveram gozando de prosperidade econômica. Até 2008. A especulação, inicialmente ocorrida nos EUA, derrubou o mercado num efeito dominó – A bolha inicial se reduziu a um boom de explosão, apenas parafraseando o título do livro O Boom e a Bolha, de Robert Brenner, que explicita bem o início da crise econômica pela qual estamos ainda passando.

O neoliberalismo americano caiu de quatro à ajuda governamental, que foi fundamental para a recuperação do mercado nacional, e, aos poucos, os EUA conseguem respirar, depois de quase sufocantes dois anos. Mas a Europa, que ainda não havia sentido pesadas perdas com 2008, iniciou sua ‘crise pessoal’.

Inicialmente, apesar das perdas dos gregos – a previdência local deve sofrer alterações, e para se aposentar os locais devem ter um incremento de dois anos nas contribuições, além de possíveis aumentos na arrecadação fiscal -, a crise deve ser sufocada por lá. O que é preocupante é como as outras economias do continente, ainda frágeis, como a irlandesa, reagirão à efervescência do mercado logo em seguida.

A Europa, com isso, segue forte risco de realizar uma segunda onda de crise, em cima de 2008. Apesar das provas que o mercado já nos deu de sua autorregulação, uma segunda crise logo em seguida, que afetaria países como Inglaterra e Alemanha, pode deixar marcar indeléveis por alguns anos e provar, nesses mesmo período, que o mercado europeu pôde ser forte apenas na sua primeira década de existência. Ou seja, a Europa que se cuide.

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