sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"Assim a minha arguição enguiça", por Riverman

O nosso Português é conhecido como um dos mais difíceis idiomas indo-europeus. Com suas contrações verbais totalmente diferentes, falar a Língua Portuguesa com lisura e habilidade é um desafio e tanto. Além disso, as academias lusófonas resolveram unificar esse idioma ibérico, transformando-o num bicho de sete cabeças pra muitas pessoas - como se ele já não o fosse para esses bastantes.
O nosso famigerado acento agudo nos tritongos crescentes caiu, nos trocando a estréia pela estreia, boléia por boleia, e assim por diante - tenho quer fazer essa piada, que ouvi no Programa do Jô, contada pelo próprio apresentador da atração: "Agora a plateia perdeu o assento", com o showman das madrugadas globais se utilizando também do trocadilho entre os parônimos "acento" e "assento". Agora é a vez de eu me tornar o porta-voz do meu xodó, até então, do Português: a trema. O pingüim e o cinqüenta ficaram, pra mim, impronunciáveis com as suas novas escritas: pinguim e cinquenta. Aqueles dois pontinhos me fazem uma falta... Enfim, o mais complexo ficou por conta do hífen: antes o que era junto, como palavras que se uniam através de duas vogais iguais - microondas, por exemplo -, virou um troço feio e separado - agora é micro-ondas -, graças ao vulgo tracinho. E de encontro a isso, algumas coisas que eram separadas pelo fato de cruzarem com h,r ou s, viraram algo semelhante a arquirrival, que, na sua grafia escrita era tido com arqui-rival. A execeção fica para os radicais terminados em r, como hiper-realista, que se mantêm dessa maneira.
Chorem vestibulandos a partir de 2010. A nova regra vai tirar mais umas noites de sono de vocês. Apesar que as minhas também, já que até eu, que faço enorme questão de ler um texto bem escrito, vou enguiçar até me acostumar a ler um arguir na minha frente.

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