domingo, 25 de julho de 2010

"Temos pelo menos 3 Ellis Park", por Riverman

O período de disputa da Copa do Mundo de 2010 também serviu de discussão para o evento de 2014. O Morumbi, estádio do São Paulo Futebol Clube, não servirá mais como palco para o Mundial do Brasil, segundo a FIFA, entidade máxima do esporte mais popular do planeta. Entretanto, os governos municipal e estadual de São Paulo têm mantido uma postura de não construir um novo estádio em solo paulista, ficando, por enquanto, a maior cidade do país sem uma sede para o evento futebolístico mais importante do mundo. Apesar de peessedebistas, e ter ressalvas especiais ante o partido, ambas esferas adminstrativas envolvidas na questão estão certas na decisão.

Mas ao analisarmos o estádio que já observou in loco duas conquistas da Libertadores, vemos que ele não deixa nada a desejar a muitos estádios localizados em países de primeiro escalão do futebol; inclusive o Ellis Park, estádio recentemente utlizado na Copa da África, tem estruturas bastante parelhas. Concordo que o brasileiro tem defeitos gravíssimos, como pontos cegos, mas no assunto estrutura e acesso, partindo da premissa que o poder público construa estações de metrô e crie linhas extras de ônibus para o Mundial, ele fica no mesmo nível de outras arenas espalhadas pelo mundo. Claro que, mesmo como são-paulino, devo assumir que ele já não é um estádio moderno, foi construído na década de 60, mas ainda dá um bom caldo. Ainda mais quando comparado a campos utilizados no último evento FIFA. E não só a propriedade do Tricolor Paulista é no Brasil próxima a muitos africanos onde as maiores estrelas do mundo do futebol pisaram há um mês.

O Maracanã, até mais antigo que o estádio do São Paulo, no Rio de Janeiro, e a Arena da Baixada, em Curitiba, são exemplos em melhor situação. O primeiro, vedete da Copa de 1950, possui visão e campo amplos. É de fácil acesso, pois encontra-se em local estratégico do Rio de Janeiro, e recentemente passou por reformas para o Pan-Americano realizado em 2007 na cidade. Apesar de já não ser mais o mesmo, tem ainda muito brilho e charme. O segundo, porém, está no lado oposto. Estádio totalmente moderno, finalizado ainda na primeira década do milênio, conta com shoppings e modernas istalações, desde os banheiros até as cabines de transmissão. Só de contar com ele, uma estrutura já existente, o Paraná já dá um passo à frente na organização. Isso sem falar no Engenhão, entregue em 2007 para o Pan mas que está fora da lista de praças para o Mundial, tido como o mais atualizado da América Latina, que ganharia fácil do Ellis Park, e em todos os quesitos.

Claro que excetuando o Soccer City, palco da final e construído exclusivamente para a competição internacional, que deve se tornar um "elefante branco" daqui para frente, todos os outros estádios sulafricanos estão basicamente no nível dos nossos, pois os primeiros, antes da Copa, contavam com estruturas bastante parecidas, e nenhum milagre foi feito para estruturá-los.

Espero que a decisão paulista tenha sido definitiva. A prova de que um Mundial pode ser organizado sem novos estádios é a própria África do Sul. Não há necessidade de se tirar divisas dos cofres públicos para a construção, pois, além de desnecessária, eventos esportivos em território brasileiro costumam ter as despezas exponencialmente crescentes, algo que orçamentos para 2014 já começam a dar sinais de ocorrência.

A FIFA que aceite o Morumbi ou a iniciativa privada que construa um. E se ele seguir não servindo que São Paulo não tenha sede. Quem sairá perdendo não é o Estado nem a cidade, e sim o evento, que carecará do município onde floresceu o esporte no país e onde foi disputado o primeiro campeonato oficial em solo tupiniquim, em 1896. Aliás, São Paulo só por isso não deveria sediar a estreia, mas sim a final. Enfim, como depositar confiança numa entidade que cancela um Mundial de clubes a dois meses antes do seu início? Paciência...

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