quinta-feira, 15 de julho de 2010

"De Di Ferrero a Fiuk: a liquidez social", por Riverman

Quem aqui ouviu a palavra ou viu algum emo nos últimos tempos? Poucos, pois o movimento se arrefeceu pelo menos nos últimos 2 anos e deu lugar a uma nova modinha – o happy rock, como os membros da nova onda musical gostam de chama-la. O mais engraçado disso tudo é: o que aconteceu com os tão numerosos “choradeiros”, que infestavam nossas ruas com sua tristeza quase crônica? Morreram junto com o movimento? Foram morar no fundo do Oceano Atlântico?

Infelizmente não. A nossa sociedade líquida – termo utilizado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman – transformou adeptos de certos movimentos facilmente em correligionários de outros. Aqueles mesmos tristonhos, fãs de Di Ferrero, vocalista do NXZero, que se vestiam totalmente de preto e usavam aquelas franjas lambidas na testa são, em grande maioria, os novos “coloridinhos”, admiradores de Fiuk, vocalista da banda Hori e também conhecido como filho do cantor Fábio Júnior, que usam calças laranjas, óculos roxos e camisetas verde-limão. E muitos se perguntam: mas se os emos eram conhecidos pela sua tristeza quase mórbida como eles se “transformaram” em algo totalmente oposto, que tem como composições mais populares idas a baladas ou a shoppings centers?

Aí é que justamente mora o problema. Não há uma identificação plena entre os membros dos movimentos “modinha". Ou seja, as pessoas passam a seguir o que manda a “tendência”: o que está em voga na maioria, outros resolvem “embarcar no bonde” e se apegam àquilo quase que de maneira doentia, apesar da brevidade. A pergunta que para no ar é justamente onde fica a personalidade do ser humano. Há preferência em fazer parte de algo aceito momentaneamente pela maioria, mas em detrimento daquilo que pessoa realmente gosta. Isso se essas pessoas que seguem essas frugalidades têm tanta complexidade intelectual para realmente gostar "de algo".

Aliás, no nosso mundo a liquidez não pertence apenas a esse campo: a fama, então artigo de talentosas pessoas públicas, se tornou breve e passageira com os realities shows da vida. Muitos saem da “casa mais vigiada do Brasil”, como Pedro Bial se refere ao BBB, extremamente badalados. Por dois ou três meses. Depois, o ostracismo resolve mostrar sua verdadeira face, e os holofotes passam o bastão para os integrantes da próxima edição.

Enfim, não podemos nos prender a rótulos. A sociedade combate a todo o tempo quem não se adequa às “modinhas”, que nada mais são que maneiras de exploração comercial – só, como exemplo, veja quantos acessos a vídeos no YouTube possui a banda Cine, novo fenômeno, só quantitativamente, fonográfico do Brasil. Quem não embarca é chamado de antiquado. Mas se preocupe em ser você mesmo. Muitos se esquecem de que vivemos num mundo sólido. Seguir esses sucessos passageiros é que “tá por fora”.

Um comentário:

  1. Riverman sempre incutindo referências da mais alta caregoria no nosso blog!!!!

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