quarta-feira, 15 de julho de 2009

A discrepância ignorada pelo esporte

Pelé, Garrincha, Beckenbauer, Kaká, Cristiano Ronaldo, Zidane... todos já os conhecem como sinônimos de craques, de grandes jogadores que fizeram história tanto em seus clubes, quanto em suas seleções. Mas o que difere esses seres humanos especiais no talento de jogar bola entre si? Apenas o tempo e a mudança do significado da expressão "jogar futebol", agregada à contagem cronológica. Na década de 60 e 70, a importância dada à camisa de uma agremiação ou de um clube era maior que qualquer transação ou negociação existente no esporte bretão. As cifras envolvidas eram bem menores e a torcida possuía uma maior identificação comseus craques, caso principalmente assistido nos países tradicionais no esporte de Terceiro Mundo, como Brasil e Argentina.
Já na década de 80, junto a uma abertura econômica mais intensa no mercado de ações, que fomentou o liberalismo, fase que iniciou o "boom" no consumismo, o futebol não podia ficar de fora. Equipes européias, num primeiro instante italianas, passaram a se rechear de craques sul-americanos, transformando equipes numa verdadeira ONU esportiva, visando lucros com a venda de camisas e lotação de estádio na apresentação das novas contratações (os títulos de outrora, passaram a ter importância secundária). já nos anos 90, a tendência foi se agravando, explodindo no início do século XXI, com 9 das 10 maiores contratações da História realizadas entre 2000 e 2004. Até jogadores de qualidade duvidosa,como o zagueiro Samuel, foram negociaods a preços absurdos - o jogador argentino deixou a Roma e se transferiu para o Real Madri em torca da bagatela de 20 milhões de Euros, em 2004. Apesar de uma pequena desinflacionada de 2004 pra cá,as negociações de Kaká e Cristiano Ronaldo neste ano ( que somadas quase atingem a cifra de 150 milhões de libras), colocaram o risco de assitirmos novamente o absurdo inchaço financeiro que abalou o futebol.
Porque para termos futebol não precisamosde milhões, isso explica toda pelada em todo santo Domingo...
Agora, no que tange às cifras que circulam o milionário mundo do futebol, o que pode-se concluir?Há de se concluir, com uma sinceridade jamais vista, que é um mundo que movimenta milhões de forma supérflua.
Há alguma necessidade em um jogador, por mais talentoso que este seja, receber remuneração mensal de aproximadamente 800 mil euros por mês? Usando o câmbio monetário, no dia de hoje, isso seria aproximadamente 2.184.000,00 reais por mês... Pouco, não?
Acompanhe o raciocínio e veja se não é algo extremamente díspar à atual situação mundial.
Com cifras equivalentes às supracitadas, calculando-se que se gaste R$ 4,00 em uma refeição com qualidade inquestionável e um valor nutricional aceitável, chegasse a um valor (estimado, claro) de 546 mil refeições em um mês... Isso alimentaria uma cidade de aprox. 15 mil habitantes por um mês... Some agora os outros jogadores (e seus respectivos salários) do plantel do Real Madrid... Creio, mesmo sem números exatos, que se poderia, somente com o valor dos seus salários, alimentar uma cidade de aprox. 100 mil habitantes por um mês (sem contabilizar empregos gerados e algumas melhorias que vêm em conjunto... ). Demais, não???
Apenas estamos lindando com os salários, se citarmos patrocínios, receitas com ingressos, dentre outros, penso que seria o Real Madrid, "modesto" clube europeu, capaz de ajudar muitas pessoas às quais os espanhóis, tão gananciosos quanto quaisquer outros seres humanos, ajudaram a empobrecer, discriminar e ignorar.
Quanto a ignorância deles para com africanos e latino-americanos, vale-se ressaltar que toda a repúdia e todo o asco ao qual espanhóis (dentre outros europeus) dispõe aos mesmos, é rechaçada quando o assunto é esportivo (ilustramos apenas o futebol, exemplo mais claro do tema). Kaká, brasileiro por natureza, seria bem recebido em Madri se fosse à cidade com o intuito de ser faxineiro ou pedreiro? Penso que não...

Há de se convir que os seres humanos ditos civilizados ainda têm uma necessidade extrema em ter conhecimento das bandeiras levantadas pelos próprios (não generalizando... jamais!). Igualdade, Resposabilidade e Direitos humanos... Poderia algum de nós ensinar isso aos dirigentes madrilenhos?

Nenhum comentário:

Postar um comentário